A iniciativa da Coleção de História da Terra tem sua origem em uma pesquisa na área de Ciências da Educação, realizada na Universidade de Granada, com contribuições substanciais de professores da Universidade Nacional de Ensino a Distância na Espanha (UNED) e da Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Nessa pesquisa (Grian A. Cutanda, 2016), justificou-se a necessidade de uma mudança na visão mundial coletiva da humanidade, para superar a séria crise de civilização (social e, acima de tudo, ecológica) na qual nos encontramos atualmente. Baseados no desenvolvimento de áreas diversas como a pedagogia, psicologia, história, dinâmicas de sistemas, cibernética, antropologia e filosofia, esta pesquisa sugeriu a necessidade de desenvolvimento de uma visão sistêmica e complexa para a humanidade. como a única forma de ir do antropocentrismo predatório, responsável por nos fazer mergulhar nessa séria crise, para o ecocentrismo, onde o ser humano é um fio no tecido da vida.
Recursos
Em busca de ferramentas educacionais, capazes de transmitir essa visão de mundo, da forma mais rápida e efetiva, recorremos aos mitos, lendas e contos tradicionais, descritos por muitos líderes do século vinte como os blocos de construção de todas as culturas e civilizações.
Nessa pesquisa foram pesquisadas cerca de 2000 histórias ao redor da Terra, criando a primeira seleção de 336 histórias tradicionais fortemente capazes de transmitir a visão sistêmica e complexa de mundo e os valores da Carta da Terra.
Joseph Campbell
“A ascensão e declínio das civilizações no longo e vasto curso da história podem ser vistos, em grande parte, uma função da integridade e poder de convicção dos cânones mitológicos em que se apoiam: porque não a autoridade, mas a aspiração é a motivadora, criadora e transformadora da civilização. Um cânone mitológico é uma organização de símbolos, de significado inefável, capaz de despertar e concentrar em um foco as energias da aspiração. A mensagem passa de coração para coração por meio do cérebro, e quando o cérebro não é persuadido a mensagem não consegue passar.”
Joseph Campbell (1991), in The Masks of God: Creative Mythology, p. 5
Joseph Campbell
“Toda mitologia cresceu numa certa sociedade, num campo delimitado. Então, quando as mitologias se tornam muitas, entram em colisão e em relação, se amalgamam, e assim surge uma outra mitologia, mais complexa. Mas hoje em dia não há fronteiras. A única mitologia válida, hoje, é a do planeta – e nós não temos essa mitologia. Aquilo que mais se próxima de uma mitologia planetária, pelo que sei, é o budismo, que vê todas as coisas como tendo a natureza do Buda. O único problema é chegar ao reconhecimento disso. Não há nada a fazer. A tarefa é apenas reconhecer e então agir em relação à irmandade de todas as coisas.”
Joseph Campbell (1991), in The Power of Myth, pp. 27-29
Joseph Campbell
“No tocante a este nível imediato da vida e estrutura, os mitos oferecem modelos de vida. Mas os modelos têm que ser adaptados ao tempo que você está vivendo; acontece que o nosso tempo mudou tão depressa que o que era aceitável há cinquenta anos não o é mais. As virtudes do passado são os vícios de hoje. E muito do que se julgava serem os vícios do passado são as necessidades de hoje. A ordem moral tem que se harmonizar com as necessidades morais da vida real no tempo, aqui e agora. Eis aí o que não estamos fazendo.”
Joseph Campbell (1991), in The Power of Myth, p. 19
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