Missão
Visão
O Sonho
Os semeadores das Marés
Abaixo o relato de Grian, parte de sua tese de PhD:
“Usando a justificativa da metodologia reflexiva, vamos deixar mais uma vez o discurso acadêmico tradicional. A partir do paradigma dos sistemas complexos, isso nos leva a refletir sobre nossos próprios processos e sobre o relacionamento existente entre eles, até mesmo entre os campos do consciente e do inconsciente. Imitemos uma vez mais o gênio da história do pensamento humano, Carl Gustav Jung, dando aos nossos próprios sonhos a importância que merecem.
(…) transcrição do meu diário de bordo pessoal, datado de 17 de agosto de 2013
Dois sonhos, acordei ontem pela manhã com um deles (…)
Era um sonho tipicamente bizarro no qual as coisas mudam querendo ou não. Estava numa casa antiga e então, de repente, eu estava voando como em queda livre de paraquedismo. Vejo um homem também voando, porém em um tipo de barco à vela, com uma vela colorida. Quando olho para ele, percebo que é a bandeira da Venezuela. Ele está em queda livre e eu mergulho no céu para segui-lo. Então penso: “Eu não tenho paraquedas. Vou me esborrachar no chão”.
Logo após, já perto do chão, mas agora atrás da janela de um avião, vejo a costa marítima, avisto muitas pessoas que estão recolhendo mariscos na maré baixa. Estamos voando muito baixo, então de repente percebo que eles não estão pegando mariscos, eles não estão coletando coisas da areia, mas enterrando-as. Estão semeando alguma coisa … no mar!
Enquanto o avião sobrevoa o mar, vejo que os “semeadores” são milhares, talvez centenas de milhares, entrando no mar por mais de uma ou duas milhas, como uma raiz gigante de uma árvore ramificando para fora do oceano.
Finalmente, o avião se volta para a extremidade daquela raiz, e posso ver aquela raiz humana gigante entrando na maré baixa, a partir de seu final. A paisagem é incrível. E o fato é que o nível do mar é muito raso nessa estranha maré baixa, com as águas alcançando a altura dos tornozelos das pessoas. A imagem dessas centenas de milhares de semeadores é certamente maravilhosa… E então eu acordo.
Três dias após esse sonho, em 19 de agosto de 2013, escrevi um registro breve em meu diário de bordo:
“Entre 5h45 e 6h33 da tarde, minha cabeça esteve num estado de fluxo criativo: A Coleção Histórias da Terra”. Só tomei consciência da conexão óbvia entre sonho e fluxo criativo, meses depois, em 21 de janeiro de 2014. Foi então que percebi que o Sonho dos Semeadores foi a semente inconsciente que me levou, três dias depois, ao fluxo criativo desse projeto.
(Cutanda, 2016, pp. 502-503)
“Nasci na Venezuela, e meus pais, migrantes espanhóis, me trouxeram para a Espanha aos sete anos. Voltei àquele país quando tinha 40, em 1997 e 1998. Venezuela é para mim a memória de um paraíso perdido.